Rio, som de mim

Estavas verde quando por ti passei.
As tuas águas refletiam os meus sonhos,
os meus medos,
os meus desejos.
Ali estavas tu,
imenso,calmo,mas imponente.
Ali estava eu pequena ao redor da tua imensidão.
Silenciosa no sentir dos teus sons.
Que afinal eram os meus sons,
os sons dos meus pensamentos,
dos meus desejos,
de mim.
Tu rio és som de mim.

Por agora é tudo...
... eu volto!

Beijos leves,
Dark Moon

Liberdade

Num momento de total partilha comigo mesma, caminho!
Cada passo dado é uma sensação de liberdade mágica!
A magia dos meus passos desplota em mim a imaginação!
Quero gritar, gritar como se nao houvesse amanhã. Mas contenho-me!
Apetece-me despir de preconceitos e correr sem destino, usando apenas o vestido com que nasci, talvez mergulhar no mar aqui ao lado!
Apetece-me!
Apetece-me sentir os meus pés enterrados na areia da praia ainda molhada pelo mar e dançar, dançar, dançar, sentir a chuva a cair e molhar a minha pele.
Quero rir, chorar de tanto rir, rir alto, rir muito, rir de mim, rir do mundo. E cair com o corpo, já cansado, na praia.
Quero esperar pelo sol da manhã e senti-lo a queimar a minha pele, quero ir onde o sol queima.
Quero o verde das arvóres e o cheiro da terra, as flores do campo e o arco-íris no céu.
Quero escutar música, a minha, a tua, a do mundo, quero ouvir os pássaros, o vento, o mar, as arvóres.
Quero amar.
Quero amar sem restições. Quero amar pelo que sou.
Quero viver, acordar com o sabor da vida na boca mesmo que tenha um travo a fel.
Quero ouvir o batimento do meu coração, ver o sorriso genuíno no meu rosto, saborear o sal das minhas lágrimas...quero viver sem limitações, mesmo que isso me custe a vida!

Por agora é tudo...
... eu volto!

Beijos livres,
Dark Moon

Alguém disse...

... e eu acreditei! Encontrei-o ali bem perto do mar!

Por agora é tudo...
... eu volto!

Beijos amorosos,
Dark Moon

O enterro

Deviam ser 21.35 quando Verónica chegou. À porta estavam algumas pessoas, tinha imaginado encontrar mais, muitas mais, talvez uma multidão, mas não deveriam ser mais do que sete.

Caminhou hesitante, assombrou-lhe a ideia de voltar para trás, ainda chegou a olhar para a porta que tinha ficado aberta, mas nao! Levantou a cabeça e seguiu até à última porta. Era nessa última porta, a mais díficil de chegar, onde ele se encontrava.

Encontrou!

Imaginou muitas vezes a situação, conseguia fechar os olhos e imaginar todos os seus gestos e reacções, mas estava enganada a sensação de chegar e vê-lo ali, imóvel, foi deveras única.

Aproximou-se!

Olhou!

Confirmou!

Sim, era ele e dúvidas não as haviam. Tinha escolhido partir, partir e não mais voltar.

Fez questão de confirmar tal escolha, quis ser testemunha de tal feito. Sentiu os olhares, questionando a sua presença, perguntando o que trazia ela no saco...

Esperou, que todos se retirassem e quando a areia começou a ser atirada em rápidos movimentos, abriu o saco e retirou a caixa. A caixa que guardava o que restava da sua lembrança.

Sem demoras atirou-a. E com ela foram todas as suas lembranças, guardadas na caixa.

Sorriu e pensou:

“Sabe bem viver, hoje enterei-te”

Por agora é tudo...
... eu volto!

Beijos e abraços primaveris,
Dark Moon

Dança Comigo...

Dança comigo uma dança latina.
Qualquer uma.
vermelha
quente
sensual.
Apenas nós numa pista de dança
madeiras velhas
candeeiros quebrados
ambiente vermelho
orquestra decrépita.
Deixa-me agarrar-te
guiar-te os passos
rodopiar contigo
dobrar-me sobre ti
suspender o tempo
quase beijar-te.
Recomeçar
e repetir
até que os nossos corpos
suados de desejo e de cansaço
rubros do esforço
nos obriguem a parar.

Dionisio Leitão

Por agora é tudo...
... eu volto!

Beijo,
Dark Moon

The other Side!

"As coisas se desprenderam de mim. Eu prolonguei certos desejos,

eu perdi amigos, alguns para a morte... outros pela incapacidade de atravessar a rua."

Virginia Woolf

Por agora é tudo...

... eu volto!

Beijos e abraços apertados,
Dark Moon

E Foi Assim...

"E foi assim que descobri que todas as coisas continuam para sempre, como um rio que corre ininterruptamente para o mar, por mais que façam para o deter.
Sabes, quem não acredita em Deus, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem principio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos.

E a tua voz ouço-a agora, vinda de longe, como o som do mar imaginado dentro de um búzio. Vejo-te através da espuma quebrada na areia das praias, num mar de Setembro, com cheiro a algas e a iodo. E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu para sempre."

Miguel Sousa Tavares in "Não te deixarei morrer, David Crocket"

Por agora é tudo...
...eu volto!

Beijos,
Dark Moon