Wednesday, November 19, 2008

O menino que perdeu a alma...


Ali estava ele, imóvel, com a cara fria do vento que havia horas lhe soprava no rosto.

Olhando para baixo apenas via um azul de águas cristalinas de mar. Respirou fundo e recordou-se de todos os momentos que o tinham feito chegar até ali...

Desejou voltar a trás...

Subir a uma árvore e ali permanecer umas saborosas horas, brincar às escondidas sob uma noite escura e estrelada, entre as palmeiras que estavam à porta da casa de sua mãe. Quando fechava os olhos ainda as conseguia ver. A da direita era um pouco maior que a dar esquerda, mas em breve ela iria apanhar a outra em tamanho. Teve saudades de se esconder nas palmeiras.

Todas essas memórias, não passavam disso mesmo. Fragmentos de uma história. A sua hitória!

Naquele instante questionou-se acerca de todas as questões filosóficas que um dia leu nos livros, lembrou-se das tertúlias, das longas discusões literárias, cinematográficas e afins que tinha uma vez por mês. Dos temas que sugiam na mente, das questões que o inquietavam, mas também das que o alegravam, e de como o tempo passava quase sem dar conta. Apenas sabia que a noite tinha acabado e dado lugar ao dia quando o despertador tocava e todos olhavam como que a dizer: "é o sinal de que a tertulia acabou por hoje. É o nosso conhecido sinal horário do término da tertúlia".

Todas essas memórias apareceram de repente, mas num ápice se dissiparam, como se uma borracha tivesse passado por cima delas. Nessa atura sentiu que tinha perdido a sua alma. Era um corpo, um pedaço de carne, uma forma física de matéria. E só isso!

De repente ouve o som de um pedra que cai sobre o mar, ao seu lado encontra-se uma criança de aproximadamente sete anos, traz consigo um cão e propositadamente atira pedras e faz recochete com as mesmas.

Um menino olha para outro menino, nessa criança vê o seu próprio espelho, diz-lhe olá e no momento seguinte estão os dois a atirar pedras ao mar, o cão ladra como que se estivesse a fazer uma sinfonia, ao longe ouve-se o uivar de outros companheiros de quatro patas.

Quando se baixa para apanhar mais pedras, olha e não encontra o menino, procura mas não o vê, na verdade ele encontra-se dentro dele mesmo. Ele é o menino!

Olha para o mar e a linha que cruza o horizonte. Dentro dele sabe que cada pedra atirada leva a esperança de um novo dia, de uma nova conquista, de uma nova tertúlia, de um novo amanhecer.

Fecha os olhos, saboreia o momento, respira fundo e vai para casa.

O menino reencontrou-se, reencontrou a sua alma.

Por agora é tudo!
... eu volto!

Beijos leves,
Dark Moon

1 Comments:

Blogger Sérgio Minhós said...

Fabuloso...

SM

November 19, 2008 1:27 AM  

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