The heart
Lembro-me de muito pouco.
Recordo-me que vesti a minha camisola de gola alta e coloquei o cachecol, que peguei no carro e fui o mais rápido que podia. Já estava atrasada para a consulta. Lembro-me também do Doutor me ter dito que o meu coração estava muito grande (nem sabia como eu tinha sobrevivido tantos anos assim) e que ia ter de operar de urgência. Lembro-me do olhar dedicado do enfermeiro, e depois só me lembro de adormecer.
Acordei sozinha num quarto branco e senti-me pequenina e assustada. O médico entrou pouco depois, trazendo nas mãos um enorme recipinte azul. Sorriu e, mostrando-me o interior do recipiente, disse: " A operação foi um sucesso. Aqui está o pedaço que tirámos do seu coração".
Com algum receio, olhei bem para aquele pedaço enorme de músculo e sangue. Era realmente grande nem sei como cabia dentro de mim. Procurei em todos os recantos do pedaço que arrancaram de mim, mas não vi ninguém.
Quando viu o meu olhar preocupado, o médico disse "Lamento, mas já não morava lá ninguém".
Assustada, perguntei "Mas... tirou isto tudo?? Deve ter-me deixado um coração tão pequenino!".
"Não se preocupe. Ainda cabe lá uma pessoa. Só tem de ser magrinha e de se contentar com pouco espaço", disse.
Foi assim que eu passei a morar no meu coração. Pelo menos agora não está vazio... e não saio daqui nunca mais. Nem que um dia me venham pegar na mão e me convidem para dançar...
Por agora é tudo...
...
Beijos e abraços ternurentos,
Dark Moon
Por agora é tudo...
...
Beijos e abraços ternurentos,
Dark Moon
1 Comments:
Dançar é bem divertido :).
Para quê privarmo-nos disso?
Beijo.
SM
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