Sunday, November 19, 2006

A (re)descoberta do Ser

Verónica passou a semana a desejar que o fds chegasse, os dias não foram fáceis, o desânimo chegou a bater-lhe à porta, mas felizmente ela já o conhecia e não o deixou entrar.

Na sexta recebeu um telefonema de um amigo que já não via há cerca de um ano.A princípio achou estranho, dado que nunca mais se tinham falado nem visto, mas atendeu com um sorriso nos lábios, sexta foi sem dúvida o seu melhor dia de toda a semana, não por ser o último, mas porque se estava a sentir muito, muito bem, ainda que sózinha no escritório, todos os seus colegas tinham saído, uns em clientes, outros em potenciais clientes... Verónica no escritório, feliz!

Atende o telefone, ouve um olá do outro lado...Olá responde, "estarei a ouvir bem, estás a ligar-me?" e a conversa de casualidade foi seguindo, até se passarem às novidades...afinal num ano de ausências algumas coisas acontecem... e o ano de Verónica realmente tinha sido cheio delas...mudanças de trabalho, mudanças de relacionamentos... quando chegou a esta parte, ouviu um "não, a sério?? eu a pensar que me ias dizer que estavas casada e com filhos" lol, riu-se ao ouvir o comentário. Seguiu-se um "temos que combinar um café" como sempre foi desconfiada e sem papas na língua retorquiu: "ouve lá estás-me a convidar para um café porquê, han??" "ora para falarmos, tenho saudades das nossas conversas, sabes" right pensava V.

Mas, ok assim ficou combinado um café para domingo ao início da tarde.

Sábado: Verónica estava finalmente de fds e nem sabia o que fazer, na verdade não lhe apetecia sair para café com as pessoas habituais, então escolheu tomar o seu banho de espuma e ficar por casa a desfrutar de um som e a beber o seu chá verde, V. escolhia sempre chá verde.

No início da tarde tinha recebido um telefonema de um amigo de quem se tinha afastado há uns meses. Este estava sem dúvida a ser o fim-de-semana dos telefonemas inesperados.

Domingo: O sol espreitava no céu sem nuvens e azul. Verónica pega no carro e vai sózinha ver o mar, enquanto passava pela costa, cruza-se com imensos casais que escolhem o domingo e a zona costeira para celebrarem o amor.

V. pára numa passadeira para deixar passar um casal de namorados, devem ter cerca de 18, 19, são novinhos, Verónica ainda consegue ver a inocência no olhar do rapaz que olha para V. e acena a cabeça, como que a agradecer o facto de ter parrado o carro. Vai de mão dada com a namorada e leva na outra mão uma tolha, vão para a praia.

Naquela fracção de segundos mil e um fragmentos de memórias passaram pela cabeça de Verónia, desejou, por momentos, ser ela a passar na passadeira e não a ceder passagem. Recordou-se da conversa que teve com um desconhecido no banco do autocarro, quando ainda andava de transportes públicos, e tendo sido essa a viagem mais agradável que fez de autocarro, nunca soube o nome do seu companheiro de viagem, lembra-se somente dos olhos lindos, das conversas...e da sensação que sentiu quando saiu do autocarro,da vontade de correr atrás dele e o desejo que sentiu da viagem não chegar ao fim.

Aquela paragem despertou algo, foi como se a partir daí os cheiros, as matrículas, mais um casal de namorados, uma flor...lhe trouxessem à memória recordações, sentimentos que estavam adormecidos. Uma súbita sensação de tristeza invadiu-lhe o peito, sente vontade de chorar mas não consegue. Há muito que não chora. Terá perdido essa capacidade, pergunta-se...não, ela sabe que não.

Vai para casa, está farta das memórias, algumas com mais de 10 anos, recebe o telefonema do amigo, afinal era domingo que iriam por a conversa em dia. Não lhe apetece voltar a sair de casa, atende e adiam por um dia a conversa.

Pega em Óscar, o seu gato e deita-se no sofá a ouvir música enquanto o bichano se delicia com as festas.

No pensamento de Verónica apenas uma frase: "quanto mais me descubro mais me amo"

Por agora é tudo...
...eu volto!
Beijos, Dark Moon

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